quarta-feira, 27 de junho de 2012

Pedro de Lara




Era um dia chuvoso de verão em São Paulo, há alguns anos atrás, quando eu passava as férias com meu pai, e nós andávamos de carro pelas ruas cinza-amarronzadas da cidade. De repente, quando o carro dobrava uma esquina torta qualquer (das inúmeras que existem em São Paulo), vimos o Pedro de Lara. Mas era o Pedro de Lara mesmo: vestido de terno, com o cabelo preso num rabo de cavalo e a expressão de mau-humor inconfundível. A única diferença entre o Pedro de Lara que vi em São Paulo e o Pedro de Lara que via na TV era que o primeiro tinha um pedaço de papel na cabeça para se proteger da chuva. (também notei a ausência da musiquinha: “Pedro de Lara-ra, lá lá lá lá, lá lá...”).

Meu pai, ao ver Pedro de Lara na rua, colocou a cabeça pra cora do carro enquanto fazia a curva da esquina e gritou: PEDRO, FI DUMA ÉGUA!, saudação que foi respondida pelo Pedro com um efusivo cruzamento ofensivo de braços, ou seja, com uma clássica banana.

Até hoje eu penso que esse evento não significa nada, embora eu tenha a sensação de que ele significa tudo.

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