Era um dia chuvoso de verão em São Paulo, há alguns anos
atrás, quando eu passava as férias com meu pai, e nós andávamos de carro pelas
ruas cinza-amarronzadas da cidade. De repente, quando o carro dobrava uma
esquina torta qualquer (das inúmeras que existem em São Paulo), vimos o Pedro
de Lara. Mas era o Pedro de Lara mesmo: vestido de terno, com o cabelo preso
num rabo de cavalo e a expressão de mau-humor inconfundível. A única diferença
entre o Pedro de Lara que vi em São Paulo e o Pedro de Lara que via na TV era
que o primeiro tinha um pedaço de papel na cabeça para se proteger da chuva.
(também notei a ausência da musiquinha: “Pedro de Lara-ra, lá lá lá lá, lá
lá...”).
Meu pai, ao ver Pedro de Lara na rua, colocou a cabeça pra
cora do carro enquanto fazia a curva da esquina e gritou: PEDRO, FI DUMA ÉGUA!,
saudação que foi respondida pelo Pedro com um efusivo cruzamento ofensivo de
braços, ou seja, com uma clássica banana.
Até hoje eu penso que esse evento não significa nada, embora
eu tenha a sensação de que ele significa tudo.
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