sábado, 29 de agosto de 2009

Epifania

Um dia, qualquer, numa manhã ou tarde sentimentalmente ensolarada ou chuvosa, eu encontro isso, o que desencadeia em mim uma viagem transcendental, e começo, a princípio lentamente, como quem aprende a caminhar numa calma paisagem, a perceber que a matéria da realidade não é composta de átomos e suas ligações, mas sem de sonhos e poesia, e daquela reviravolta que acontece no centro do que somos quando descobrimos algo novo, e isto me transforma num ser completamente diferente e ao mesmo tempo tão natural que é impossível não me reconhecer nele, e isto acontece justamente porque somos seres divididos, um pé na realidade imutável e outro naquela nova, feita de nós, e assim, descubro que se conhecer é se reconhecer deste jeito, incompleto, bipartido, ou multipartido, dependendo de quantas realidades somos capazes de encontrar, e de como posicionamos nossos pés durante nossa existência, às vezes os dois em um lugar só, às vezes cada um num canto, às vezes milhares de pés em lugares distintos, e ao me dar conta de que é possível, e mesmo comum, ao ser humano, possuir milhares de pés ao invés de somente dois, eu chego ao ápice disso, o que me dá a sensação de transexistir, por entre todo meu próprio tempo e espaço, como seria normal de se esperar, se nos dermos a possibilidade de imaginar um pouco mais do que somente aquele salário futuro, mas também por todo tempo e espaço de toda humanidade, pois o que há em mim é parte do que havia em todos os homens antes de mim, e do que há em todos os homens que vivem comigo neste agora, e do que haverá em todos os que viverem depois de mim, e é nisto que reside a minha eternidade, pois enquanto houver o pensar e o sentir e a memória capaz de gravar tudo isto, haverá eu e eu existirei por todo o sempre mesmo que minha própria alma se dissolva neste infinito que sou eu, e depois de tomar consciência de todos estes fatos eu entro em declínio logo, num tempo que se passa como num respirar de um recém-nascido, eu volto ao meu estado normal, e passo a ser somente eu sozinho com o que sobrou disso. E estes restos eu guardo como que esperando que um dia eles me levem novamente ao lugar magnífico que eles, na forma disso, um dia me levaram, mas eu sei que da mesma forma que eles sempre serão somente restos disso que pertence a tudo, e que nunca voltarão a ser isso que um dia foram, eu nunca mais voltarei ao mesmo lugar que estive, porque na verdade nunca saí de lugar algum.

Texto ruim, assumo; mas queria postar algo, veio isso. Perdoem-me.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009


Querendo bancar o espertinho, hein garoto?