domingo, 29 de novembro de 2009

17 PRINCÍPIOS PARA FAZER SUCESSO NA MPB ATUALMENTE

  1. Seja homossexual ou deixe a dúvida no ar.

  1. Deixe seu cabelo encaracolar e crescer desordenadamente. Se tiver cabelo escorrido, um permanente será de extrema importância.

  1. Se for mulher, imite a Elis Regina; se for homem, imite o Djavan; se fizer música instrumental, imite qualquer ícone do jazz que toque seu instrumento.

  1. É sempre importante misturar ritmos, mesmo que sem nenhuma ligação, como maracatu com corais femininos búlgaros. Qualquer coisa com música eletrônica é topo das paradas.

  1. Nunca esqueça de largar sua banda quando começar a ficar famoso de verdade.

  1. Se for de Pernambuco, toque samba; se for do Rio, toque música de candomblé; se for da Bahia, toque música caipira; de for de Minas, toque forró. Caso alguém pergunte o motivo dessa discrepância, argumente que seu estado tem uma forte tradição nesse tipo de música e que você está tentando resgatá-la.

  1. Se não for de nenhum dos estados citados acima, se mude pra um deles e finja que nada aconteceu.

  1. Ser apadrinhado pelo Caetano vale ouro.

  1. Arrume um nome artístico eficiente. O modelo nome-sobrenome é tiro certo, mas você também pode optar por um nome único, contanto que seja esdrúxulo.

  1. Toque sempre com músicos competentes, mas não deixe nunca que eles se mostrem mais competentes do que você.

  1. Uma boa maneira de não dar destaque aos músicos é vesti-los todos de preto enquanto você se veste com uma rede com a bandeira do Brasil estampada.

  1. Ainda insistindo nos músicos, lembre-se que os melhores adotam sempre a alcunha de apelido + de + artigo definido + instrumento que tocam (ex: Dudu do baixo, Chico do sax, etc.).

  1. Diga sempre que é autodidata, mesmo que tenha doutorado em composição pela Universidade de Berlin. Isso fará com que ocorra o seguinte diálogo: - Nossa, esse cara é muito bom!/ - Pois é, e é autodidata!/ Caralho, muito foda!, o que aumentará sua fama.

  1. Grave uma versão de Asa Branca ou Garota de Ipanema; gravar as duas em pout pourri será mais eficiente ainda.

  1. Seja filho de algum orixá e devoto de algum santo.

  1. Se alguém perguntar suas influências cite a música erudita européia, os batuques da periferia de alguma metrópole brasileira, a nouvelle vague, a literatura russa, Heidegger e o curupira, ou quaisquer elementos semelhantes aos citados.

  1. Faça uma conta no twitter e no facebook, mas nunca no orkut. Orkut é mainstream demais.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Aprender Mais, Respeitar Menos

 

  1. “Afinal, você vem de uma dinastia de professores” e “toda nossa família é de professores: você, seu pai, seu irmão e eu”, foram frases que eu escutei há pouco tempo, pronunciadas por meus pais. Ambas têm em comum o fato de me colocarem no papel de professor, porque, como alguns sabem, iniciei finalmente essa carreira inescapável há pouco tempo atrás. Meu empregador, o Governo do Estado de Pernambuco, achou que eu era capaz de lecionar num projeto chamado Aprender Mais, cujo objetivo é dar aulas de reforço para os alunos com menor desempenho – notas baixas, no bom português. Projeto esse, aliás, que eu sou bastante contra, por vários motivos. Dentre eles, o fato do Estado pagar mais – proporcionalmente falando - aos professores extras (como eu) do que paga aos professores normais; eu acredito que uma das soluções para melhorar o ensino é valorizar o trabalho do professor com, entre outras medidas, aumento salarial, para que assim eles tenham melhores condições materiais, emocionais e ideológicas para trabalhar. Solução tapa-buraco (bem ao jeitinho brasileiro) é contratar mais professores para dar mais aulas, ao invés de procurar melhorar a qualidade das aulas já proporcionadas. Pois é, sou contra o projeto que me garante o salário (que faz 3 meses que não recebo) porque acho que ele é uma grande demagogia – o que talvez me faça, ao contrário do que pensam meus pais, mais um pensador do que um professor.
  1. Tapa-buraco, mas com ares de grandes coisas, como grande parte das soluções que nossos representantes costumam concretizar. Tanto que esses dias fui chamado para participar de uma capacitação destinada aos professores de língua portuguesa do projeto. “Discutir os rumos das nossas aulas”, era o objetivo, pelo que me disseram. Ok, o parece que o Estado resolveu fazer algo de concreto a respeito do projeto, já que nós (professores e alunos) não recebemos material, nem direcionamento, nem mesmo salário. Mas... tapa-buraco é sempre tapa-buraco, não? O local da capacitação me lembrou muito dos meus tempos de outro trabalho – triangueiro no grupo de mamulengo do meu pai -, quando nós fazíamos apresentações nas quadras de escolas da prefeitura, com uma acústica deprimente e um som que mais quebrava o galho do que propriamente funcionava. A diferença era que agora eu estava de frente para o palco, e não em cima dele. Senti pena da capacitadora, lutando com o barulho dos alunos no recreio e com o burburinho dos professores convertidos em estudantes, gastando a garganta com pessoas que não conseguiam escutá-la, mesmo que quisessem. É, me lembrei várias vezes do mamulengo, vendo toda aquela gente que mais parecia bonecos encenando em cima de um palco pobre o triste drama da educação.
  1. A) Em certo momento, senta-se ao meu lado um sujeito que havia chegado atrasado e me pergunta o que aconteceu. “Falaram sobre leis”, digo eu, e ele me pergunta se haviam falado sobre o incentivo ao professor (não falaram); B) uns dois metros na minha frente, uma dona com cara de João Plenário (é, aquele mesmo) faz piada perguntando pelo dinheiro (cena emblemática, penso eu: a cara de personagem de A Praça é Nossa rindo de uma situação miserável remete à falta de graça do programa); C) Um pouco depois a capacitadora fala que virá uma emissora de TV gravar o encontro e que os professores deveriam ficar quietos, o que leva um outro sujeito, sentado à minha frente, a perguntar se com eles vem o carro trazendo o dinheiro. Fazem propaganda do insucesso travestido de trabalho, e nem querem pagar o cachê dos atores e maquiadores.
  1. Paulo Freire chama a atenção para o caráter imanentemente dialético do processo do processo educacional: “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. Isso tá lá, em Pedagogia da Autonomia, livro que qualquer educador minimamente formado deve ao menos ter ouvido falar. O curioso é que as autoridades, se sabem disso, parecem querer restringir essa dialética somente ao plano teórico do processo educacional, ignorado qualquer dialética no sistema educacional. Pesquisadores não escutam os professores. Políticos não escutam os professores. Professores não escutam os professores. Existe uma espécie de “ditadura da voz” no sistema educacional – o que revela talvez uma outra falta de leitura, Bakhtin –, onde o poder do status mantém o direito à fala, incluindo aí a fala dos professores, já que, como foi exemplificado acima, eles só podem representar o texto alheio.
  1. Não quero concluir nada com isso. Soluções para a educação no Brasil há várias, nenhuma que aparentemente funcione. Especificamente para esse projeto eu vejo uma: acabar com ele. Mas, jacaré colocou essa sugestão na folhinha avaliativa da capacitação? Pois é, nem eu. Bem, ainda tenho esperança que eles paguem meus salários, mais dia, menos dia. É, talvez eu tenha chegado a uma conclusão: meus pais tinham razão, sou professor. Afinal, continuar num trabalho indigno por falta de opção de coisa melhor não é o que une a classe toda?

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Selos!

Olha só, pela primeira vez eu recebi um selo; na verdade foram 5 de uma vez!! Quem me deu esse presente inesperado foi meu xará mineiro, que escreve no Meus Pensamentos. Eis aí os ditos:

1 - Esse Blog Tem Tudo que eu Preciso

selo Esse Blog Tem Tudo Que preciso

2 - Blogueiro Honesto

selo blogueiro honesto

3 - Esse Blog é um Sonho

selo ESTE_B~1

4 - Esse Blog me Faz Sorrir

selosorrir

5 - Eu Fui Indicado Para o Selo Meme

selo meme

Diz a tradição – e eu sou um tradicionalista – que eu devo enumerar 8 características minhas e indicar 8 blogs para os selos. Mas eu já expliquei antes que este blog não é para falar sobre mim, então vou listar 8 características da minha “obra”:

1 – Imatura – não no sentido de tratar das coisas de maneira infantil, mas no sentido de estar ainda no início, dando seus primeiros passos; estou longe de me consagrar em qualquer coisa que seja, então vou aproveitando para aprender o máximo que posso;

2 - Besta – em vários aspectos eu parto para o besteirol puro, reflexo da minha personalidade, diriam os psicologistas;

3 – Kitsch – difícil de alguém que está no meio do caminho entre a cultura de massa e a erudita não cair nessa armadilha; pelo menos eu tenho consciência de que estou enrolando às vezes;

4 – Irreverente – lembro bem que eu queria lançar um disco de sambas cômicos cujo nome era bastante emblemático: "Não consigo ser sério”;

5 – Séria – nem tudo na vida é brincadeira, né? Procuro problematizar as questões que me incomodam na vida, e isso se transfigura no que eu produzo, embora nem sempre eu obtenha um resultado satisfatório;

6 – Fantástica (não no sentido de formidável) – a realidade é moldável, aprendi isso no pouco que eu conheço de Mago: a ascenção. Por isso eu que muitas vezes minhas ideias partem para o absurdo, porque eu quero mostrar, à la Kafka (comparação bem exdrúxula), como a realidade é absurda às vezes; ou que nós vemos menos do que o que realmente existe para se ver;

7 – Genérica – não quero datar o que eu escrevo, por isso tento muitas vezes deixar tudo muito genérico, para que possa representar muito mais do que um momento histórico pré-determinado; dessa forma;

8 – Divertida – eu pelo menos me divirto muito escrevendo, desenhando, copiando e colando, não sei se vocês se divertem lendo. =)

Depois desse exercício de auto-exegese, vamos às indicações:

1 – Estação Garimpo – do meu bróder Dj. Literatura, música, e outras coisas.

2 – Espalitando Dente – Paulo Bono publica seus excertos do cotidiano, poetizados de maneira pouco ortodoxa.

3 – Monstro de 21 Rostos – roteiros de histórias em quadrinhos que nunca verão a luz do sol, por Jean Felipe.

4 – Blog das 30 pessoas – várias pessoas, vários textos, várias surpresas.

5 – olhos furta cor, coração a mil – Dandara brinca de poetar em prosa.

6 – Capinaremos – Tá, é apelação, mas esse blog é MUITO bom.

7 – Igreja Internacional – Só o Pr. Silas salva! (obs: já foi bem melhor e hoje tá meio capenga, mas vale a pena ler os textos de vez em quando).

8 - A MACAXEIRA SEMIÓTICA – Nosso querido Um picariano sempre (nem sempre) nos agraciando com o que há de melhor da literatura latino-americana e mundial.

Bem, é isso. Agradeço ao Lucas que me agraciou com os selos e recomendo a leitura dos blogs indicados. Abraço a todos!